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Afinal, como são divididas as gerações do k-pop?


  • 03/10/2020 - 11:00
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Se você acompanha o mundo da música pop coreana certamente já ouviu alguém falar que das gerações do k-pop: muitos comentam que alguma geração específica foi a melhor ou discutem sobre a atual geração. No entanto, uma pesquisa rápida sobre o assunto na internet mostra que não existe um consenso sobre quando começa e quando termina cada era do k-pop.

Em primeiro lugar, é importante entendermos o motivo de classificar e diferenciar diferentes fases de um movimento como o k-pop. Pra que serve isso, afinal? Agrupar algo como uma geração, como uma era, como um período específico nos ajuda a entender cada fase de algum assunto dentro de seu contexto sócio-cultural.

Essa divisão não pode ser aleatória. Não podemos simplesmente dizer que tais grupos de artistas pertencem a uma mesma geração do k-pop apenas porque eles começaram suas carreiras em um mesmo ano. O interessante dessa classificação é perceber os pontos em comum de cada fase. É perceptível, por exemplo, que em determinadas fases, boa parte dos lançamentos musicais seguiam uma mesma tendência de sonoridade ou que algum estilo de música seja predominante em alguma fase. Normalmente, essas tendências também se refletem na moda e no visual dos artistas. Até mesmo os cortes de cabelo ficam parecidos. Isso não quer dizer que um artista está copiando o outro. Na verdade, isso indica que eles estão seguindo alguma moda da época, ou seja, uma tendência de sua geração. Não apenas no produto final, mas as estratégias de promoção utilizadas pelos artistas em cada período é diferente. Se antes os artistas de k-pop se dedicavam muito mais à TV coreana em seus trabalhos, hoje percebemos que o foco principal é atingir o público internacional pela internet. São várias semelhanças que podemos perceber em cada fase do k-pop.

Em entrevista à Highway Star, a cantora Minzy, ex-integrante do 2NE1, falou sobre as diferenças do k-pop quando ela começou até os dias de hoje e citou que os artistas de agora podem se comunicar muito mais fácil com fãs fora da Coreia, por exemplo.

Se entendemos que o legal de diferenciar o k-pop por gerações é reconhecer cada fase por suas características únicas, para entender o que evoluiu, o que melhorou, o que mudou no k-pop e como chegamos onde estamos, é necessário agora pensar como dividir cada geração.

Normalmente, para adotar um conceito, buscamos referência em alguma autoridade no assunto. Nesse ponto, o mais próximo que já chegamos disso foi a classificação divulgada pela revista “Idology”. A “Idology” é uma revista coreana, especializada em cultura pop, que é uma das publicações de referência do k-pop em sua terra natal. Logo, devemos dar algum crédito ao que é publicado lá.

A “Idology” dividiu as gerações do k-pop da seguinte forma:

1º Geração

A primeira geração do k-pop é quase uma unanimidade. Ela começa com o surgimento dos grupos nos formatos de ídolos, como conhecemos hoje. Isso começou no não tão distante ano de 1996, com a estreia do H.O.T e a fundação da SM Entertainment.

Dessa forma, fariam parte da primeira geração os grupos de ídolos veteranos como o H.O.T, o S.E.S, o Baby V.O.X, o Shinhwa, o SechsKies, o Fin.K.L, o Click-B, entre outros que começaram sua carreira antes da virada do milênio.

Vale lembrar que a “Idology” não considerou uma fase “pré-H.O.T” nessa classificação. Antes mesmo do H.O.T, a Coreia já tinha grupos de sucesso que são considerados como precursores do k-pop, como DJ DOC, Turbo, Deux e Seo Taiji and Boys – banda considerada como marco inicial do k-pop. Todos esses artistas surgiram nos anos 1990, mas a relação da Coreia com a música pop vem de décadas antes. No entanto, os estudos sobre o k-pop consideram principalmente o surgimento do H.O.T para classificar o k-pop.

Geração 1.5

A “Idology” incluiu uma geração entre a primeira e a segunda. Ela considerou que houve uma fase intermediária, no início dos anos 2000, que sucedeu o momento inicial, antes da primeira grande expansão do k-pop para além das fronteiras coreanas.

Dessa fase, fazem partes nomes como BoA, Chakra, Jewerly, Epik High e M.I.L.K, todos que começaram sua carreira no início dos anos 2000.

Essa fase é marcada pelo início da popularização da “hallyu”, a “onda coreana”, quando os produtos da cultura pop coreana começaram a ganhar destaque em outros países asiáticos, em especial pelo sucesso de dramas e pela popularidade da BoA no Japão.

2º Geração

A segunda geração do k-pop seria, segundo a “Idology”, marcada por um maior investimento das gravadoras em transformar o k-pop em um produto de exportação, como forma de ajudar a recuperar a economia do país. O início dessa geração é marcado pela estreia e pela popularidade do TVXQ na Ásia, que foi outro divisor de águas na história do k-pop. Foi nessa fase que o k-pop se estabeleceu como um mercado bem sucedido e, a partir daí, o número de gravadoras e artistas de k-pop só cresceu.

Fazem parte desse momento o TVXQ, o Super Junior, o Girls’ Generation, o KARA, o SS501, o BIGBANG e o Wonder Girls.

Essa fase foi marcada pelas primeiras turnês mundiais, pela ascensão da popularidade do k-pop na Ásia e em outros países, e também pelo estabelecimento da ideia de “ídolos”. Nessa fase, os artista do k-pop passaram a se destacar não só na música, mas também na TV, com participações em programas, reality shows e dramas.

Geração 2.5

Assim como houve uma fase intermediária entre a primeira e a segunda geração, a “Idology” apontou um momento de interseção entre a segunda a terceira geração. Novos grupos deram uma nova cara ao k-pop e um número cada vez maior de grupos surgiram com habilidades diferentes no palco. Essa fase é marcada pela ascensão do YouTube, que ajudou a popularizar esses artistas ao redor do mundo.

SHINee, 2PM, Infinite, f(x), miss A e 4minute são alguns nomes de destaque dessa época. Ao pensar nesses nomes, facilmente nos lembramos de seus primeiros videoclipes, visto que foi uma época em que o YouTube foi fundamental na popularização do k-pop ao redor do mundo.

3ª Geração

A geração seguinte usufruiu ainda mais das redes sociais e do YouTube para se popularizar ao redor do mundo. A terceira geração é marcada pela ascensão do k-pop ao redor do mundo, quando um número ainda maior de pessoas ao redor do mundo começou a acompanhar assiduamente os lançamentos dos artistas coreanos. EXO, NU’EST, VIXX, BTS, GOT7, BLACKPINK, GFRIEND são alguns nomes de destaque dessa era. Vale ressaltar também o sucesso de “Gangnam Style”, do PSY, que foi durante muito tempo o vídeo com maior número de visualizações do YouTube e deu uma nova visibilidade ao k-pop.

Geração 3.5

A geração intermediária entre a 3ª e a 4º é marcada pelo sucesso dos reality shows musicais, como “Produce 101”, para formar grupos de ídolos do k-pop. É também a fase que o k-pop conquistou o mundo, muito graças ao sucesso do BTS. SEVENTEEN, Monsta X, NCT, Wanna One e I.O.I são alguns dos principais nomes dessa geração.

4º Geração

A “Idology” define que atualmente estamos na 4ª geração. Agora, os produtos do k-pop não são produzidos pensando apenas no público coreano, mas têm um foco muito mais direcionado ao público global. O k-pop expandiu suas fronteiras e ganhou um destaque inédito para um produto asiático em nível internacional. TXT, ITZY, Stray Kids, ATEEZ e LOONA representam bem essa fase, que coincide também com grandes conquistas do entretenimento sul-coreano, com o Oscar recebido pelo filme “Parasita” e o BTS tendo sua música reconhecida como a mais ouvida dos Estados Unidos.

Essa é a definição de cada geração do k-pop, segundo a revista “Idology”. É importante destacar que, como já mencionamos, nenhum método de classificação foi adotado de forma consensual pela maioria dos fãs de k-pop.

Existem pessoas que preferem classificar apenas de acordo com alguns acontecimentos mais marcantes no k-pop: a popularidade do TVXQ, o sucesso de “Gangnam Style” e a ascensão global do BTS são alguns fatores considerados divisores de água no k-pop. Há também quem utilize os grupos masculinos da SM Entertainment para demarcar o início de cada geração: o TVXQ, o SHINee, o EXO e o NCT definitivamente são bons representantes de suas respectivas eras e não se pode negar a influência da SM Entertainment no desenvolvimento do k-pop.

No entanto, diante de tantas opções, a classificação da “Idology” parece resumir bem as diferentes abordagens sobre o assuntos, ao apontar as principais características de cada fase do k-pop e nos ajudar a perceber como caracterizar cada época não por datas, mas por suas características de destaque. O mais interessante será analisar como o k-pop irá evoluir a partir de agora, que alcançou um status de reconhecimento mundial, e quais serão as estratégias adotadas pelos novos grupos.