Para a Highway Star, o D-crunch falou sobre inspiração no BTS e críticas negativas que recebem
O k-pop é uma cena superlotada de novos lançamentos: é até difícil acompanhar todos os grupos que estão em atividade e em meio a tantas novidades muitos artistas talentosos passam despercebidos. O D-Crunch é um desses grupos que não recebe a atenção merecida. Com videoclipes cativantes, músicas que exploram diferentes sonoridades e uma musicalidade única, o grupo que fez sua estreia em 2018, é daqueles que certamente merece estar em listas de “grupos de k-pop que mereciam mais reconhecimento”.
Não é por acaso que nos comentários dos videoclipes do D-crunch no YouTube essa é quase uma unanimidade: dezenas de fãs do grupo dizem que eles merecem mais reconhecimento. Sobre isso, o grupo agradece e fala com simplicidade. “Sei que não é possível todas as pessoas do mundo nos conheçam imediatamente, mas acredito que se continuarmos cantando com muita alegria, sempre com humildade e com os fãs que sempre acreditam em nós e nos apoiam, cada vez mais pessoas irão curtir, ouvir, e reconhecer o nosso trabalho”, disse Hyun Oh, uma das vozes principais do grupo.
O D-Crunch é formado por O.V, Hyunwook, Hyunho, Hyun Oh, Minhyuk, Chanyoung, Dylan e Jeongseung. Originalmente com nove integrantes, Hyunwoo anunciou sua saída no final do ano passado, por questões de saúde. Um detalhe chama atenção sobre a banda. A formação do grupo é um pouco diferente da composição mais popular do k-pop: são seis rappers e dois vocalistas. Em contraste com outras bandas que dão mais destaque ao canto mais orientado para a música pop com vozes mais melodiosas, no D-Crunch o discurso rítmico do rap tem mais destaque. “Ter vários rappers no grupo pode ser um ponto positivo assim como pode ser um ponto negativo e sempre nos esforçamos para que esses ‘pontos negativos’ não sejam tão expressivos”, disse O.V, um dos rappers e líder da banda. “Sempre trabalhamos na criação das músicas, pensando nos integrantes. Mas pensamos mais em lançar músicas boas e cada vez melhores. Assim, os nossos integrantes muitas vezes devem melhorar o seu potencial para se adaptar às músicas”, conta. “Durante a gravação, sempre fazemos uma gravação básica para que no dia ‘D’ da gravação, possamos gravar com maior empenho”, ele nos explica.
A música de estreia do grupo, “Palace”, que integra o álbum “0806” lançado em agosto de 2018, mostra bem a imersão do grupo nas referências do hip-hop. A canção é cantada majoritariamente em inglês, idioma nativo do hip-hop, mas a escolha linguística gerou críticas para o D-Crunch. No próximo lançamento do grupo, “Stealer”, veio uma alfinetada do grupo aos comentários negativos: eles começam a música dizendo que “não irão usar o inglês e irão cantar em coreano”. Apesar da ironia na música, o grupo prefere tomar uma atitude mais cautelosa quando o assunto é críticas. “Se formos responder a cada comentário que alguém coloca ali sem nem pensar muito, nós nos cansaremos muito rápido Por isso sempre tentamos não ver muito. Queremos ver, ouvir e dar mais atenção às pessoas que nos apoiam, a comentários de pessoas que não nos querem bem”, confessa O.V, que considera “uma situação triste” o ambiente de destilação de ódio que se tornou a internet. “Tanto eu quanto os outros integrantes desejamos que o ambiente digital se torne um ambiente mais saudável, mas ao mesmo tempo pensamos que a melhor forma de lidar com comentários negativos é não reagir”, ele completa.
Chanyoung acrescenta que, para ele, essa combinação é um dos maiores diferenciais do D-Crunch. “A nossa diversidade no trabalho musical que os fãs reconhecem é a nossa característica mais atraente! Todos os oito integrantes do D-Crunch temos características diferentes”, diz Chanyoung, que brincou e pediu para os fãs prestarem atenção também no lado “fofo” que o grupo tem fora dos palcos.
As críticas também não impedem o grupo de se orgulhar de “Palace”, uma de suas músicas mais marcantes. Hyunho acredita que essa é a canção que define o D-Crunch. “‘Palace’ tem uma mensagem especial do D-Crunch e expressamos os nossos sonhos, o que pensamos ser o ideal. Combinando a apresentação e o nosso carisma com esta música, podemos mostrar melhor os nossos aspectos positivos”, disse o rapper.
Jeongseung, um dos mais jovens do grupo, nos contou sobre as suas referências para o estilo inspirado no hip-hop do grupo. Fã da música norte-americana e de nomes como Migos, A$AP Rocky, Travis Scott, Trey Songs e August Alsina, ele disse que a barreira do idioma não o impede de sentir a música. “Ouço bastante as músicas destes artistas internacionais e também me inspiro neles. De forma geral, me inspiro bastante na melodia. Também tento ver bastante o significado das letras, mas ainda tenho um pouco de dificuldade em entender por completo e por isso tento captar bastante o estilo dessas músicas”, ele conta.
Mas o grupo também tem uma inspiração legitimamente coreana. Para o D-Crunch, o BTS representa uma importante referência não apenas na sonoridade. “Uma coisa que não podemos esquecer quando falamos de BTS é a ‘boa influência’. Quero dizer que eles muitas vezes são como uma força motriz para pessoas que acompanham eles e apoiam eles. Vendo isso, também tornou-se um dos meus objetivos me tornar uma ‘boa influência’ para pessoas que acreditam em mim e que me apoiam”, disse Hyun Oh, que reconhece a trajetória dos donos do hit “Dynamite”. “Para os veteranos BTS serem o que são hoje, foi necessária muita luta e esforço como base. Não somente no passado, mas até hoje eles continuam se esforçando para mostrar que estão crescendo e com isso, emocionar o público”, ressalta.
Não é novidade para ninguém que acompanha o k-pop que essa é uma cena competitiva e que existe uma grande pressão para que os artistas tenham bons resultados em vendas, prêmios e acessos. Apesar disso, o D-Crunch prefere focar na produção de boas músicas ao invés de se preocupar muito com essa competitividade da indústria. “Sempre que preparamos um álbum, queremos que mais pessoas se interessem e gostem das nossas músicas e apresentações. Por outro lado, saber que temos os ‘Diana’ (fã-clube do D-Crunch) que sempre nos esperam tão ansiosamente e gostam das nossas músicas é algo que tira um pouco do peso dos ombros e nos anima ao fazer os preparativos”, explica Hyun Wook. “Não que não tenhamos preocupação… mas antes disso, é algo que nós oito gostamos muito de fazer. Então nessas situações sempre nos damos o melhor, focando sempre no objetivo e conversando uns com os outros para ir resolvendo os problemas que surgem no caminho”, conclui. Hyun Oh complementa o pensamento do amigo e diz que prefere se manter com o pé no chão mesmo dentre tantas rivalidades e competições: “No caminho em busca do nosso objetivo, muitas coisas irão mudar, mas desde o começo tenho em mente que ‘pode ser que o ambiente que trabalho e da música mude, mas eu mesmo não vou mudar”.
Essa paixão pela música é expressada principalmente pelo time “G.I.G”. Sigla para “Good Thing Is Good Thing” (algo como “coisa boa é coisa boa”), o trio formado por Hyunwook, O.V. e Hyun Oh se encarrega da produção musical do grupo. Mesmo que eles estejam à frente da direção musical, Hyun Wook nos explica que todos os integrantes contribuem para as músicas do grupo de alguma forma. “Todos os integrantes estão trabalhando e curtindo muito o trabalho de produção de música. Somos muitos e cada um tem uma opinião diferente, mas na música não tem uma resposta certa. O nosso grupo de produção G.I.G procura sempre liderar para captar a opinião de todos e guiar para um caminho ideal”, diz. “Vamos sempre nos esforçar para que possamos mostrar boas músicas aos fãs coreanos e estrangeiros, então fiquem de olho”, ele aproveita para pedir que os fãs não deixem de acompanhar seus futuros trabalhos.
Ainda sobre música, aproveitamos para falar com o D-Crunch sobre “Across The Universe”. Lançada em outubro do ano passado, a música mais recente do grupo leva o nome de um dos clássicos dos Beatles, mas a proposta dos sul-coreanos para falar sobre o que está “através do universo” é bem diferente: batidas fortes e eletrônicas combinadas com o uso de alguns instrumentos musicais. Chanyoung acredita que a energia da música é uma das características marcantes da faixa. “Uma apresentação cheia de energia com batidas fortes e grandiosas que ficam na cabeça ao ouvir a música… Quando estávamos preparando o álbum, nos esforçamos bastante para poder satisfazer os olhos dos nossos fãs por meio das apresentações”, destacou Chanyoung sobre a importância dos aspectos visuais na música. Mas para o próximo trabalho, os “Diana” podem esperar algo bem diferente de “Across The Universe”, segundo Jeongseung que antecipou que o grupo já está trabalhando em um novo projeto, ainda sem data de lançamento definida.
Enquanto trabalha no novo álbum, o D-Crunch segue se esforçando para se manter perto do público mesmo durante esse duro período pandêmico. “Foi muito triste não poder visitar os ‘Diana’ do mundo inteiro em 2020. Mas mesmo assim, conseguimos vê-los através de eventos e shows virtuais, sempre respeitando o distanciamento social. Espero que em 2021, a situação da pandemia melhore para que possamos visitá-los. Quero muito ver vocês, ‘Diana’!”, diz Dylan, que também mandou uma mensagem especial para quem acompanha o grupo daqui do Brasil. “Pessoal do Brasil que sempre nos apoiam de tão longe! Espero que a situação do covid-19 melhore logo para que possamos ver vocês de perto e fazer shows aí! Apesar de estarmos longe, quero que saibam que o nosso coração está aí com vocês e amamos muito vocês”, finaliza Dylan, com uma mensagem carinhosa.
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