P1Harmony falou sobre filme, músicas, inspirações e sonho de se apresentar no Brasil
Quando uma gravadora já conhecida dos fãs de k-pop anuncia a estreia de um novo artista, já existe uma grande expectativa em torno dele. Imagina se esse lançamento acontece não só na música, mas também em um filme? É claro que quem acompanha o k-pop vai ficar no mínimo curioso.
Foi o que aconteceu com o P1Harmony no ano passado. O grupo foi lançado pela FNC Entertainment, casa de nomes como SF9, CNBLUE, FTISLAND e N.Flying, e só o anúncio de um novo artista da casa já causaria impacto por si só. A curiosidade do público aumentou quando a gravadora anunciou que lançaria o P1Harmony em um filme.
O P1Harmony é formado por seis integrantes: Keeho, Theo, Jiung, Intak, Soul e Jongseob. O sexteto foi apresentado oficialmente ao público em agosto do ano passado, com o filme “P1H: The Start of a New World”, algo como “P1H: o começo de um novo mundo”. A estreia na música veio alguns meses depois, em outubro, com o EP “Disharmony: Stand Out”. Batemos um papo com os meninos do P1Harmony para conhecer um pouco sobre essa nova estratégia no k-pop e sobre os próximos trabalhos do grupo.
No filme, os integrantes do P1Harmony aparecem como heróis salvadores que trarão esperança para um mundo que está em ruínas graças a um vírus, que potencializou o ódio e a violência das pessoas. “O vírus alcor no filme pode representar o ódio e o lado ruim da internet, essas diferentes formas de desarmonia no mundo precisam ser conhecidas pelas pessoas para que haja uma esperança de que elas possam ser curadas e cheguem ao fim”, explica Jongseob. Infelizmente, a realidade não é muito diferente da sociedade distópica que o P1Harmony mostra no filme. Não apenas na parte do vírus, mas se pensarmos em como vivemos em tempos difíceis, com discriminações, preconceitos, guerras, ataques e julgamentos ao outro. “No filme, as desarmonias da sociedade foram representadas pelo vírus, e na verdade eu acredito que esse vírus possa representar várias coisas em nossa sociedade hoje”, acrescenta Keeho.
No filme, o grupo aparece como a solução para esse “vírus do ódio”, mas infelizmente na vida real as soluções parecem bem mais distantes. Para Keeho, ter empatia pelo próximo é um dos caminhos para acabar com essa cultura do ódio. “Claro que é difícil chegar a uma perfeita harmonia nessa sociedade, mas acho que as pessoas deveriam ter mais empatia e mais consideração com as outras de forma geral. Eu acho que todos os problemas estão nesse ponto. Cada pessoa só pensa muito em si. Pessoalmente, eu acho que precisamos pensar mais no outro e ter mais consideração pelos demais, essa é a chave da harmonia. Acho que precisamos ter empatia para atingir o mesmo objetivo”, acredita.
Jongseob completa o pensamento do colega e diz que, para ele, se cada um fizer sua parte, aos poucos conseguiremos lutar contra a desarmonia que toma conta do mundo. “Eu não acho que a harmonia na sociedade seja uma utopia. Nós falamos sobre promover a resolução desses absurdos com nossos álbuns e nossa música e, por meio disso, as pessoas podem buscar a harmonia em seus próprios caminhos para encontrar a si mesmos. Pequenas harmonias, conquistadas por cada pessoa que tente encontrar seu verdadeiro eu, eventualmente se juntarão e criarão uma grande harmonia”, acredita.
A ideia do filme, além de proporcionar reflexão sobre problemas reais da sociedade, é vincular a temática da história com os trabalhos do P1Harmony na música. “Eu acho que foi uma honra e ao mesmo tempo uma oportunidade incrível. Nem todo mundo consegue fazer sua estreia dessa forma, pensamos que seria uma oportunidade única na vida e nos divertimos gravando o filme”, disse Intak.
Na música, os meninos já lançaram dois trabalhos, tendo como carro-chefes os singles “Siren” e “Scared”. Os dois videoclipes já lançados pelo grupo fazem referência à temática de distopia do filme. “‘Siren’ foi uma música que mostrava como o P1Harmony apareceu na sociedade como um novo herói para acabar com toda a desarmonia. Nós chegamos com a sirene. Ela expressa nossa aparição no mundo. Já a faixa de nosso segundo EP, “Scared”, é o começo de uma entrega de mensagens. Ela pergunta se as pessoas têm medo de ser elas mesmas. Eu acho que esse álbum é sobre como nós superamos a dissonância que encontramos durante a era de ‘Siren’ e estamos dizendo para as pessoas para seguir em frente e não ter medo disso”, explica Keeho. Não apenas as imagens dos videoclipes, mas as batidas fortes e graves das músicas ajudam o grupo a trabalhar com a ideia de sociedade apocalíptica. Sobre os próximos trabalhos, Jiung faz mistério, mas já adianta que eles devem seguir a temática de trazer melodias e estilos musicais que ajudem a contar a história proposta. “Vamos tentar fazer várias coisas diferentes, então por favor aguardem ansiosamente”, acrescenta Keeho.
Líder do grupo, Keeho comenta também sobre a responsabilidade de discutir temáticas sociais em um estilo que movimenta tantos jovens, como o k-pop. Para ele, o principal é que a música passe uma mensagem de positividade para seu público. “Eu acho que é um assunto muito difícil. Se não conseguirmos compreendê-lo totalmente, é difícil falar sobre isso, mas tentamos saber sempre mais e estudamos muito para falar sobre isso. Como muitas pessoas ouvem nossas músicas, eu acho que podemos usar essa plataforma de uma forma positiva. Eu acho que seria bom se não só a gente, mas outros artistas pudessem ajudar as pessoas por meio da música. Pessoalmente, eu acho que você pode passar bons sentimentos ou força para alguém sem necessariamente falar de questões sociais. Eu espero que nossa música anime vocês. Eu acho que isso é mais do que suficiente porque queremos fazer músicas com o objetivo de ser felizes e fazer as pessoas felizes”.
“Eu acho que a arte que fazemos pode influenciar muito e tende a ser próxima da nossa sociedade atual. Eu acho que isso é uma das coisas que mais podem influenciar as pessoas em suas vidas, então espero que possamos dar um pouco de esperança por meio de nossa música”, acrescenta Jiung.
Os meninos do P1Harmony falam com seriedade sobre o assunto, mesmo sendo ainda bem jovens. O mais novo do grupo, Jongseob, tem apenas 15 anos. Ele nasceu no ano de estreia do Super Junior e quando o TVXQ lançou “Rising Sun”, um dos álbuns mais lendários da segunda geração do k-pop. “Pensando sobre isso, o k-pop está crescendo muito recentemente e eu penso no peso e na responsabilidade que temos como parte do k-pop para levar mensagens e inspiração para pessoas de todo o mundo”, acrescenta o caçula do grupo.
Sendo tão jovens, muitos dos meninos do grupo trazem de casa a inspiração para a música. “Para mim, definitivamente foi minha mãe (que o inspirou a cantar). Nós nos divertíamos muito sempre que cantávamos juntos e eu gosto muito de cantar”, ele relembra com carinho. Jongseob cita seus pais e o grupo B.A.P como inspiração. “Foram meus pais também, e eu já gostava muito de dançar”, acrescenta Intak.
Os integrantes contam que também conhecem um pouco da música do Brasil. “Bossa nova é definitivamente a primeira coisa que me vem à cabeça (quando se fala de Brasil). Todos os integrantes gostam muito (de bossa nova) e é algo que definitivamente está em nossas playlists. Nós gostaríamos de sentir esse tipo de música no Brasil e experimentar outras expressões culturais do Brasil como o samba”, disse Jiung.
Parte de uma das principais gravadoras da indústria fonográfica coreana, é inevitável também que os meninos busquem inspiração em seus colegas de casa. Theo conta que Yoo Hwe Sung, do N.Flying, lhe deu dicas valiosas de técnicas vocais. “Yoo Hwe Seung do N.Flying vem sempre à sala de ensaio quando eu estou cantando, ele me ajuda muito com o treino e me dá muitas dicas de canto quando ele tem tempo”.
“Comigo também, Yoo Hwe Seung e Jung Yong Hwa (do CNBLUE) me ajudam muito na parte de técnica vocal e o SF9 costuma sempre me pergunta como eu estou me saindo e (os integrantes do SF9) me dão muito apoio sempre”, acrescenta Jiung.
Além dos conselhos dos veteranos, outra vantagem do grupo é poder contar com diferentes perspectivas culturais. Keeho morou no Canadá na época do ensino médio e Soul é japonês. “Como viemos de lugares diferentes, nós crescemos em ambientes diferentes e costumamos ter visões diferentes sobre as coisas. Mas isso na verdade nos ajuda muito em termos de música, cultura e conhecimento. Nós podemos compartilhar o que cada um de nós temos e por meio desse processo podemos tentar diferentes estilos de música. Eu acredito que nós podemos mostrar estilos diferentes por termos vindo de lugares diferentes”, disse Keeho.
Tendo feito sua estreia em um cenário pandêmico, mesmo com já dois álbuns lançados, o P1Harmony ainda não conseguiu vivenciar integralmente a vida de um artista da música. “Nunca nos apresentamos em frente a uma plateia com mais de 300 pessoas, então eu realmente gostaria de me apresentar para um público maior um dia”, disse Soul. “Eu não sabia que os fãs podiam ir aos programas musicais para nos ver, mas ouvi falar que isso acontecia, então quero me apresentar para os P1ece em programas musicais um dia”, contou Theo, citando o nome do fã-clube do grupo.
Enquanto o sonho de se apresentar para plateias maiores poderá ser realizado em breve, com a retomada dos eventos culturais na Coreia do Sul, o P1Harmony também faz planos para um futuro mais distante. “Eu espero possamos participar completamente do processo de produção de um álbum, do início até o fim”, respondeu o líder do grupo quando perguntamos como eles gostariam de ver o P1Harmony em alguns anos. Além de produzir um álbum, os integrantes do grupo também esperam poder se apresentar no Brasil futuramente.
“Nós gostaríamos de conhecer nossos fãs do Brasil. Gostaríamos de nos apresentar e nos comunicarmos com eles. Esperamos que esse dia esteja próximo. Obrigado pelo carinho e por sempre nos apoiar”, disse Intak.
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