Jay Park se envolveu em mais uma polêmica sobre questões culturais
O rapper Jay Park divulgou um longo texto nesta quarta-feira (16) após seu mais recente videoclipe receber críticas de apropriação cultural. O vídeo da faixa “DNA Remix” foi divulgado no início da semana e é uma parceria entre Jay e outros artistas do hip-hop sul-coreano.
Na letra da música, os rappers exaltam o hip-hop coreano e as influências estrangeiras que o estilo recebeu. O vídeo recebeu críticas de internautas, que apontaram como o visual de alguns dos artistas no clipe poderiam ser considerados como forma de apropriação de questões específicas da cultura negra.
Em resposta, Jay Park se manifestou em um longo texto, publicado nos comentários do vídeo de “DNA Remix” no YouTube. Na mensagem, Jay fala sobre as influências da cultura negra e latina no hip-hop e comenta sobre as críticas de apropriação cultural.
“Os negros e os latinos criaram o hip-hop. Nós entendemos isso e achamos isso incrível e somos gratos por eles terem compartilhado isso com o mundo. O hip-hop nos faz sentir livres e empoderados. Nos dá oportunidade para que a nossa voz seja ouvida e para nos expressarmos de uma forma que a sociedade não considera adequada. Nós não tiramos as melhores notas, não fomos para a faculdade e não somos médicos ou advogados, então isso nos dá um sentimento de pertencimento e valor. Nos dá esperança e motivação para que possamos mudar nossa situação se colocarmos nossos corações e mentes nisso e se pudermos fazer algo do nada. Muitos de nossos heróis são rappers negros e não apenas pela estética, mas por sua mentalidade em superar as adversidades e ser orientado por objetivos, sem se importar com o que as outras pessoas pensam e ou com quem pode duvidar de você. Portanto, é natural que queiramos ser como eles até certo ponto. Ter um determinado penteado ou visual nos dá confiança e inspiração e nos faz sentir como astros do rock e é porque o que vemos e ouvimos parece natural para nós. Também é porque pensamos tanto no hip-hop e nas estrelas do hip-hop que somos tão influenciados por eles e alguns de nós crescemos em um bairro negro ou em um grupo de amigos negros no exterior, então ser inspirado e influenciado é algo natural”, escreveu Jay Park, que argumentou que ele e os artistas que aparecem no vídeo são aqueles que “apoiam a cultura negra do hip-hop”.
“Queremos ser negros? Não. Apesar de sermos amigos de cor e sermos influenciados pela cultura negra e amá-la e apoiá-la fortemente, temos orgulho de ser coreanos e não trocamos isso por nada no mundo. Podemos nos relacionar com a luta dos negros? Não, mas existem certos elementos com os quais podemos nos relacionar e nos identificar. Cada país, cada cultura, cada pessoa tem algum tipo de dor ou luta em sua vida. Não há outro gênero que retrate isso de forma tão honesta quanto o hip-hop. Se eu acho que é certo rappers coreanos usarem dreads? Posso não concordar necessariamente com isso, mas quem sou eu para dizer para alguém não fazer isso. Só porque eu não concordo com algo que eles estão fazendo, não significa que eu não possa apreciá-los como pessoas e como artistas”, continua o comentário de Jay Park.
“Se você analisar, provavelmente temos mais coisas em comum do que parece. E só porque você conhece a Coreia por causa do k-pop e dos k-dramas não significa que tudo é simplesmente elegante e suave por aqui. Eu não vou entrar em detalhes, mas o povo coreano teve que lidar com muitas coisas desumanas em nossa história e teve que lutar para c****** para obter tanto reconhecimento porque há pouco tempo, a maioria das pessoas nem sabia onde ficava a Coreia. E quando eu era mais jovem, eles nem sabiam o que era a Coreia. Não importa o que eu sei, haverá sempre pessoas brigando nos comentários, porque essa é a cultura da internet hoje em dia. Mas eu apenas vejo como todos nós vivemos neste mundo e influenciamos uns aos outros e enquanto a intenção é sincera, não deveríamos bater uns nos outros, mesmo que não concordemos em tudo”, escreveu Jay, citando momentos em que artistas afro-americanos utilizaram referências da Ásia Oriental em seus trabalhos.
“Vocês precisam saber que existem pessoas piores do que jovens rappers coreanos com dreads tentando fazer algo por si mesmos por meio do hip-hop. Não somos nós que estamos tentando minimizar a cultura negra e pautas negras. Estamos aqui para espalhar o amor e elevar as pessoas ao nosso redor com o que a cultura negra criou”, Park comentou. Depois, o rapper comparou a forma como fãs de k-pop são “fanáticas” por “jovens coreanos com cabelo pintado” com a forma com que ele e outros artistas “são fanáticos” por “rappers com tatuagens no rosto e dreads”.
No final do texto, Jay Park agradece sua assessora de imprensa, Julie, que teria o alertado para não divulgar o vídeo de “DNA Remix”. “Ela (a assessora) é a melhor, mas eu não quero esconder a cultura do hip-hop coreana. São assim que os caras do hip-hop são na Coreia”. “Eu já estive com pessoas do mundo todo, de criminosos a bilionários, e percebi que todas as pessoas têm perspectivas diferentes e podem aprender a discordar”, escreveu Jay.
Veja o clipe de “DNA Remix”:
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