O jornal coreano The Korea Times publicou um artigo em que aponta o crescimento da influência dos produtos de entretenimento da Coreia do Sul no Japão. O artigo destaca que enquanto as relações políticas do país não são das mais amistosas, o entretenimento tem contribuído para estreitar as relações entre a Coreia do Sul e o Japão.
O texto cita que o sucesso do grupo BTS nas paradas musicais japonesas e de dramas coreanos no país são exemplos da popularização do entretenimento coreano em terras nipônicas. O jornal descreve essa fase como “a terceira onda da Hallyu no Japão”.
Hallyu é o termo usado para descrever a “onda coreana”, ou seja, o sucesso de produtos de entretenimento sul-coreanos para além de suas fronteiras. A primeira onda da Hallyu no Japão teria acontecido no final dos anos 90, com o sucesso estrondoso do drama da KBS “Winter Sonata”, que segundo o portal, popularizou os produtos de TV coreanos principalmente com o público feminino no país. A segunda onda teria sido em meados de 2010, com o sucesso de grupos como TVXQ, KARA e Girls’ Generation, que promoveram ativamente no Japão.
A terceira onda estaria sendo impulsionada não apenas pelo sucesso do k-pop, com nomes como BTS e TWICE, mas principalmente pelo sucesso de dramas e filmes coreanos durante o período de quarentena. “Este ano, com a pandemia do covid-19 e a Netflix investindo em produtos da Hallyu, muitos fãs estão em casa e assistem programas e dramas das estrelas coreanas por meio de plataformas de streaming internacionais”, escreveu o The Korea Times.
O artigo afirma que o crescimento da aceitação dos produtos sul-coreanos no Japão fez com que a Hallyu deixasse de ser um produto de nicho no Japão e se tornasse popular com o grande público. Essa aproximação cultural tem tido reflexos na forma com que os japoneses se relacionam com os produtos da Coreia, sem se preocupar mais com questões políticas. “Depois de anos de turbulência, os fãs japoneses passaram a se preocupar menos com mudanças na situação política, pois elas vão continuar acontecendo de qualquer forma. Eles passaram a aproveitar melhor o que eles gostam sem se preocupar”, disse a crítica cultural Aya Narikawa ao Korea Times.
A radialista Kyoko Hamahira foi mais longe e disse que a preferência dos japoneses por produtos coreanos se trata também de uma questão de qualidade. “Muitos japoneses ainda preferem a música japonesa e se sentem mais próximos das estrelas do Japão, mas quando o assunto é habilidades ou talento, é óbvio que os artistas coreanos e o conteúdo coreano é muito melhor. Quando os japoneses veem as bandas super preparadas do k-pop ou assistem os dramas coreanos, eles acham difícil continuar assistindo os dramas japoneses ou ouvir música japonesa”.
Narikawa também apontou a presença online dos produtos coreanos como mais um ponto positivo de seus produtos de entretenimento. Ao disponibilizar mais conteúdo gratuito na internet, diferente do Japão que possui mais restrições quanto à propriedade intelectual, os fãs japoneses estariam mais próximos dos artistas coreanos e poderiam se comunicar com eles mais facilmente.
“Se as agências de entretenimento coreanas continuarem a criar tanto conteúdo de qualidade, eu acho que ninguém conseguirá parar a Hallyu”, disse Hamamira.