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KAACHI, grupo do Reino Unido, acredita que “o k-pop pode ser feito por qualquer um que ame k-pop”


  • 01/12/2021 - 17:39
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Com integrantes de diferentes nacionalidades, KAACHI defende internacionalização do k-pop

O que define um artista como um “artista de k-pop”? É ser um grupo formado, em sua maioria, por integrantes da Coreia? É cantar em coreano? Ou é se adequar aos padrões da indústria do entretenimento coreano? Essa é uma pergunta que rende uma longa discussão – e que talvez nem tenha uma resposta certa. Com o sucesso internacional do k-pop, mais artistas de todo o mundo têm se inspirado na música pop da Coreia do Sul – até mesmo a diva brasileira Pabllo Vittar lançou, recentemente, uma música que definiu como “k-pop”. Muito além das referências musicais, outros artistas têm se inspirado nos moldes da indústria do entretenimento coreano e lançado grupos internacionais que se apresentam como parte do pop coreano.

Um desses nomes é o KAACHI. Atualmente um trio, o grupo foi lançado no Reino Unido, e conta em sua formação com três integrantes de diferentes nacionalidades. Para entender mais sobre esse universo dos grupos “internacionais de k-pop”, conversamos com as integrantes do grupo.

O KAACHI é um trio musical da empresa britânica FrontRow Records. O grupo começou sua carreira em abril de 2020, formado pela venezuelana Nicole, pela coreana Coco, pela filipino-espanhola Chunseo e pela britânica Dani. Com a saída de Dani, em julho deste ano, o grupo seguiu suas atividades como um trio, com a proposta de ajudar a tornar o k-pop um sonho possível para qualquer um, independente de sua nacionalidade. Coco, que é sul-coreana, nos explica porque escolheu trocar “a terra do k-pop” pelo Reino Unido: “Eu tinha uma visão global do k-pop funcionando fora da Coreia e queria fazer acontecer por meio do KAACHI. Como coreana, e em minha opinião, o k-pop está apenas no começo da aceitação para se tornar mais internacionalizado. O k-pop pode ser feito e aproveitado por qualquer um que ame o k-pop. Eu quero fazer com que o KAACHI seja como um trampolim para que os fãs internacionais de k-pop ou artistas em potencial possam seguir seus sonhos e esperanças. Então eu fico feliz em estar neste projeto e no KAACHI”.

Coco conta que, antes de fazer sua estreia como artista, trabalhava nos bastidores do mundo da música: “Eu entrei em nossa empresa, a Frontrow Records, para gerenciar projetos, já que costumava trabalhar em uma empresa de distribuição de música. Eu queria explorar a indústria da música do Reino Unido e a comunidade internacional do k-pop pessoalmente. Eu estava trabalhando no projeto do KAACHI ao lado da empresa, mas nossa produtora, Monica Lee, sugeriu que eu entrasse no KAACHI, então eu fiz um teste privado e deu certo!”.

Já Nicole, a representante da América Latina no grupo, diz que sua paixão pelo k-pop vem de longa data e que daí surgiu seu interesse em participar de grupos cover. “Eu descobri o k-pop enquanto procurava músicas online, mas eu nunca escutei muito até ficar amiga da Chunseo na escola. Eu vi que ela gostava muito, ela mostrou mais e acabei me apaixonando pelas músicas e pelas apresentações”, ela conta. Nicole e Chunseo se conheceram e ficaram amigas, antes da formação do grupo. “Minha família se mudou para o Reino Unido para trabalhar, foi quando eu descobri o k-pop e me apaixonei pela música e pelas apresentações. Eu então comecei a dançar e me escrevi em uma escola especializada em dança enquanto eu fazia cover de k-pop em um grupo. Eu fiz parte de um grupo por 5 ou 6 anos com a Chunseo, e nós duas fomos selecionadas pela Monica (Lee) em uma competição de dança de k-pop. Depois de falar com ela e ouvir a ideia dela sobre um novo grupo, entrei na empresa e formamos o KAACHI”.

Nicole nasceu na Venezuela e morou na Espanha, antes de ir para o Reino Unido. As raízes latinas, e o fato de não possuir ascendência asiática, fez com que ela chamasse a atenção do público internacional. “Desde nossa estreia, muitos fãs da América Latina me enviaram mensagens dizendo que ficaram felizes de ver uma latina em um grupo de k-pop, dizendo que isso dava esperança para que eles também fizessem testes para empresas de k-pop. O k-pop se tornou muito famoso mundialmente nos últimos anos e eu vejo que muitas pessoas de vários países também queriam ter a chance de fazer parte dessa indústria. Então quando pessoas que não são asiáticas entram para o k-pop, elas se tornam uma grande inspiração para aqueles que compartilham dos mesmos sonhos”, conta Nicole.

Fazer parte, ou não do k-pop, para as meninas do KAACHI, é uma questão mais ampla. Coco acredita que o grupo faz parte de um movimento de globalização da indústria da música, de incluir cada vez mais grupos compostos por pessoas de diferentes nacionalidades, que inclui outros nomes – como Black Swan ou Now United. “Na minha opinião, somos um grupo multicultural. Então se as pessoas falam sobre ‘invasão do k-pop’ no mundo, eu diria que temos muitas vantagens, mas eu pessoalmente não diria que fazemos parte dessa invasão, mas talvez como uma interação ou colaboração?”, explica. “Essa será uma nova forma do futuro do k-pop e das cenas musicais. Além disso, não apenas grupos multiculturais, mas também artistas virtuais e de inteligência artificial vão aparecer cada vez mais e estou muito animada por isso!”, acredita a sul-coreana. Sobre a crescente onda “virtual” do k-pop, falamos recentemente com um dos expoentes do gênero – Apoki.

Ainda que não façam parte da cena do k-pop diretamente, as meninas do KAACHI acreditam que ao tornar internacional “o jeito coreano de se fazer música pop”, abre-se um novo caminho para que pessoas de diferentes nacionalidades possam realizar seus sonhos de se tornarem ídolos do k-pop – ou de algo como o k-pop. “Eu acredito fortemente que o KAACHI pode trazer algo novo para os fãs de k-pop de todo o mundo pois eu já vi muitas pessoas desistirem de seus sonhos de ser um artista do k-pop por causa de estereótipos que acabavam limitando a si mesmos. Mas com o KAACHI e outros grupos internacionais do k-pop podemos quebrar essas barreiras, para que para cada pessoa que sonhe em ser um artista de k-pop, haverá mais meios para tornar isso possível”, explica Coco. Ao se adequar aos moldes do k-pop, o grupo sonha em poder se inserir nas atividades promocionais típicas de um grupo coreano. “Eu adoraria promover em programas de TV coreanos. Nossa última passagem (pela Coreia) foi curta, mas espero que da próxima vez possamos ficar mais tempo e nos apresentar em programas. Isso está definitivamente na lista de coisas que eu adoraria fazer”, diz Nicole.

Além de terem recebido apoio da gravadora para se inserir no mercado musical, as meninas do KAACHI contam que receberam também apoio da família – algo que nem sempre acontece com aqueles que sonham com a carreira artística. “Minha família sempre soube que eu sou uma pessoa ativa. Eu fazia ginástica, depois mudei para a dança, e eles sempre me apoiaram em tudo que eu quis fazer. Quando eu fui recrutada (para o grupo), eles ficaram muito felizes por mim pois eles sabiam que eu teria a chance de fazer o que eu mais amava”, conta Nicole. Já Coco confessa que ser uma artista não fazia parte de seus planos inicialmente, mas que mesmo assim recebeu apoio de sua família: “Eles (os familiares) não acreditaram de início mas ficaram muito felizes! Na verdade, eu morava perto de empresas do entretenimento coreano e tinha amigos que eram trainees também. No entanto, ser uma artista de k-pop não era o meu sonho inicialmente na época, então minha família e até mesmo eu ficamos muito surpresos de eu estar onde estou hoje”.

Por ser um grupo “multicultural”, como elas mesmas se definem, o KAACHI reúne diferentes culturas: Coreia do Sul, Espanha, Venezuela e Filipinas. Apesar das diferenças, as meninas garantem que não tiveram nenhum choque cultural ao trabalharem juntas. Segundo elas, isso se deve ao fato de já estarem acostumadas a lidar com culturas diferentes e, especialmente, com o k-pop. “Eu acho que como eu sou fã de k-pop há muito tempo e já estive na Coreia antes, eu já sabia como o trabalho é diferente nos dois países, então não tive nenhum choque cultural. Mas tive que me adaptar entre a forma de se trabalhar na Coreia e no Reino Unido, pois são bem diferentes”, diz Nicole. Já Coco acredita que o fato de conseguir interagir mais com outras culturas é algo que a diferencia de seus conterrâneos. “Não tivemos nenhum choque cultural, mas eu posso não ser a pessoa certa para representar a Coreia, porque eu acho que sou um pouco diferente dos coreanos de forma geral. No entanto, foi bem chocante ver que as pessoas no Reino Unido conversam normalmente com pessoas desconhecidas na rua, o que indica que eles têm uma mente mais aberta que os coreanos. E as pessoas que falam espanhol parecem ser bem unidas, o que é algo em comum com a Coreia”. 

Coco e Nicole contam que, além de lidar com diferentes culturas, elas trazem diversidade também em suas referências musicais. “Eu sou o tipo de pessoa que escuta qualquer tipo de música aleatoriamente, pode ser música clássica ou rock, eu apenas escuto qualquer coisa, mas escuto principalmente o k-pop, que é provavelmente minha maior referência até aqui”, conta Nicole. “Para falar a verdade, eu me inspiro principalmente no k-pop, não apenas na dança, mas também em diferentes aspectos. Eu também ouço pop, rock, hip-hop e música alternativa em meus aplicativos de música digital”, diz Coco.

Desde sua estreia, com a música “Your Turn”, o KAACHI tem trabalhado ativamente e já conta com seis singles digitais em sua discografia, além de versões em espanhol de suas músicas. Além das coreografias e do visual que se inspira no k-pop, o grupo também traz o idioma coreano em suas letras, além do espanhol e do inglês, e conta com produtores musicais da Coreia do Sul em sua equipe. Um dos singles lançados pelo grupo este ano, “Extra Special”, foi gravado em Londres e Seul. “Eu gravei em Seul com dois produtores musicais. O processo foi diferente do que fazemos em Londres então fiquei um pouco preocupada, mas me comuniquei bastante com os produtores por telefone e e-mail, e algumas vezes falamos por videochamada, mesmo com as diferenças de fuso horário! Foi uma experiência divertida e interessante”, relembra Coco. “Tanto Chunseo quanto eu gravamos em Londres e eu tinha que me comunicar com Coco, que já estava em Seul, para garantir que todas nós estávamos gravando corretamente todas as partes e não estávamos deixando nada passar. A Coco também nos ajudou a conferir se nossa pronúncia em coreano estava boa em chamadas pelo telefone. Foi uma nova forma de trabalhar, mas ainda assim foi divertido”, completa Nicole. 

O mais recente single do grupo é “Get Up”, uma versão do hit do grupo Baby V.O.X, um dos grandes nomes da primeira geração do k-pop. A música é um dos grandes sucessos do k-pop noventista. No videoclipe, gravado no parque Lotte World na Coreia e divulgado no canal do YouTube do grupo, os comentários de fãs falantes do espanhol elogiam o remake, comprovando a identificação dos fãs latinos com o KAACHI. Não tão conhecido por aqui, o grupo dá a dica para os brasileiros que se interessarem em conhecer mais sobre o trabalho do trio. “Se você quiser acompanhar a gente nessa jornada e descobrir quando tivermos novas músicas, nós sempre anunciamos e atualizamos novos vídeos em nossas redes sociais (YouTube, Instagram, Twitter e Facebook). Obrigado por seu amor e apoio! Continuaremos a nos esforçar muito!”, diz Nicole. “Obrigado por nos apoiar e continue acompanhando nosso processo”, escreveu Coco, em português.

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